Luis Enrique: 'Um processo de crescimento'
O técnico do Paris Saint-Germain faz um balanço da primeira parte da temporada, revendo os pontos importantes que marcaram seus primeiros seis meses à frente da equipe
Treinador, como você vê sua chegada a Paris, seis meses depois?
"Houve muitas novidades assim que cheguei. Com a chegada de muitos jogadores, o novo centro de treinamento e a implementação de uma nova filosofia de jogo, foram primeiras semanas intensas, com uma pré-temporada truncada para alguns jogadores, que chegaram mais tarde. Mas devo dizer que tudo foi positivo desde o início, os jogadores foram receptivos e todos no clube ajudaram para que tudo corresse bem."
Vemos que a equipe tem muita posse de bola. Como vocês implementaram essa filosofia de jogo?
"Treinamos para isso todos os dias. Não há apenas uma mensagem a transmitir, é preciso implementar as ideias do jogo e aplicá-las em campo. Os jogadores deste nível estão habituados a jogar com novos treinadores, mas é tudo como um quebra-cabeças. É preciso juntar as peças e é isso que temos feito desde o início, dependendo dos jogadores, das conexões, dos adversários... Há muitos fatores a ter em conta."
São os jogadores que têm de se adaptar ao treinador ou o contrário?
"Tudo depende. Temos jogadores que conhecemos um pouco porque os vimos jogar com outras equipes. É preciso trabalhar nos treinos e nem todos os jogadores recebem as informações da mesma forma. É um processo de crescimento e acredito que a equipe já conseguiu grandes feitos a este nível. Há coisas que precisam ser melhoradas e que estamos tentando mudar. Às vezes me adapto aos jogadores porque sei o que eles podem me dar. E outras vezes eles se adaptam ao que eu quero, porque tenho mais experiência, sei como o time deve jogar. Não existe um plano pré-estabelecido, é preciso se adaptar."
Você conheceu o Parc des Princes em agosto, quais sensações sentiu?
"O Parc des Princes foi uma descoberta maravilhosa. Todos dizem o tempo todo que têm a melhor torcida do mundo, mas quando o time perde, eles vaiam. Aqui em Paris isso não acontece. Perdemos jogos fora de casa e ainda ouvi os nossos torcedores aplaudirem mais alto do que os locais. O Parc é algo grande e devemos encorajar os nossos torcedores a apoiar-nos continuamente, para que gostem de vir nos ver jogar."
A versatilidade dos jogadores é um conceito importante para você?
"O que considero importante é termos um elenco de grande qualidade, com jogadores que podem atuar em diversas posições, e isso nos torna muito imprevisíveis para o adversário. Muitos dos meus jogadores podem jogar em ambos os lados ou em várias posições centrais. Queremos ser imprevisíveis e queremos nos tornar uma equipe melhor. Para que a equipe seja o mais competitiva possível, todos os jogadores devem estar preparados. E isso significa fazer alterações e fornecer aos jogadores o máximo de informações possível."
Houve apenas algumas derrotas até agora, como você se recupera depois de um revés?
"A derrota em Newcastle foi, para mim, injusta. O placar foi injustamente pesado, mas isso não importa, é o futebol. Nem tudo saiu como havíamos planejado, mas depois trabalhamos no que não deu certo. Mas vi jogadores que estavam envolvidos. Você deve saber que cada partida é diferente e nunca nos preparamos da mesma maneira."
No meio da temporada, o time lidera o campeonato. É importante para você ter tomado as rédeas da L1?
"Somos o melhor time do campeonato. Temos que vencer a Ligue 1, é um objetivo obrigatório e eu sei disso. O nosso objetivo é vencer, mas também para ter identidade de jogo, temos de vencer fazendo crescer a equipe e o clube. Isso é algo muito importante para mim e para os torcedores. Quanto mais os meses passam, mais os torcedores vão se acostumar com as minhas decisões!"
Como você gerencia a integração dos jovens ao elenco?
"Não tenho medo de fazer os jovens jogarem. Na minha carreira, nunca fui contra escalar jogadores com base na idade. O que me motiva é a qualidade do jogador. E como você se torna um grande atleta? Trabalhando duro e jogando competitivamente. Eu não me importo com idades! O que importa é jogar futebol, não é a experiência, mas o jogo."
Qual avaliação você faz desses primeiros meses de competição?
"Estou muito feliz e satisfeito com estes primeiros meses, com a energia e a vontade que vejo dentro do clube, a todos os níveis. Todos participam, todos ajudam e é uma harmonia que é importante num clube de futebol. Estamos apenas na metade da temporada, a segunda vai ser muito emocionante, temos que jogar muito mais e trabalhar mais para conquistar títulos. Este é o nosso objetivo. Queremos ser consistentes no desempenho, essa é a nossa linha de conduta."