Maradona, um monumento universal

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É com grande tristeza que o mundo do futebol soube da morte em Buenos Aires de Diego Armando Maradona, aos 60 anos, na quarta-feira (25), em consequência de uma parada cardíaca. Durante a sua fabulosa carreira, o gênio argentino pisou três vezes no gramado do Parc des Princes, enfrentando o PSG duas vezes em amistosos

Ele permanecerá como uma lenda do Napoli e da seleção argentina, um gênio também com passagens por Boca Juniors e FC Barcelona. Tanto por suas inspirações quanto por seus excessos, Diego Maradona personificou a beleza e o amor pelo esporte. Tanto que todos os apaixonados pelo futebol, em todos os continentes, têm a impressão de perderem um dos seus. É um sentimento que habita o Paris Saint-Germain, o seu Presidente, os seus jogadores e todos os seus colaboradores quando se trata de acolher a imensa marca que “El Pibe de Oro” deixará na história deste jogo.

O PSG nunca enfrentou o talento de Diego em uma partida oficial. Mas o Parc viu Diego três vezes. A primeira foi em 5 de setembro de 1981, por ocasião do jubileu organizado em homenagem a Jean-Pierre Dogliani e Jean-Louis Leonetti, dois dos heróis da ascensão dos parisienses à Primeira Divisão em 1974. Maradona vestia então a camisa do Boca. O cartaz da partida dizia tudo sobre a atmosfera que envolvia a chegada de um prodígio de 21 anos: "O PSG dá as boas-vindas ao Boca Juniors, líder do campeonato argentino, com Diego MARADONA pela primeira vez na França".

Em Paris, o argentino se encontrou no aeroporto com um certo Michel Platini, que logo seria seu grande rival na Itália quando Juventus e Napoli lutariam pelo título da Série A. Para ser sincero, o público parisiense, que poderia assistir ao jogo PSG x Boca com uma simples moeda de 2 francos (€ 0,7 em 2020!), não compareceu para ver o argentino. Obviamente, Diego veio mais para admirar as dançarinas do Lido do que para encantar o Parc. Para o registro, o Boca venceu por 3x1 o PSG de Georges Peyroche, com Daniel Sanchez salvando a honra dos Rouge et Bleu.

No ano seguinte, Maradona voltou ao estádio do Paris Saint-Germain para mais um amistoso, desta vez com a camisa do Barça. Em 13 de novembro de 1982, ele não ofereceu aos 30 mil espectadores presentes uma extensão absoluta de seu talento, mas marcou um dos gols da vitória dos catalães (4x1) em uma das 35 bolas tocadas antes de sair de campo sob as vaias do Parc.

Maradona voltou a passar pelo Parc em 1986 para desafiar a seleção francesa com sua seleção nacional, em amistoso. Mais uma vez, a estrela argentina não brilhou nesta noite, que viu os Bleus baterem os sul-americanos (2x0). Mas Diego Maradona já sabia qual era a sua prioridade: poucos meses depois, no México, ele carregou a Argentina com brilhantismo (e malícia) à conquista da Copa do Mundo, ele que nunca digeriu o fato de não ter sido convocado para o Mundial de 1978, vencido por sua seleção em solo argentino.

A cada uma de suas aparições, o Parc sem dúvida teria gostado de contemplar um Diego mais luminoso, mas isso não importa. ELE veio. E ELE voltou pela última vez, como espectador, no dia 4 de janeiro de 1995, para assistir a um jogo da Copa da Liga contra o Auxerre (1x0). Naquela noite, o argentino assumiu seu lugar na tribuna oficial com um cachecol do PSG pendurado no pescoço. Já que ele havia cancelado no último momento um jantar para assistir a este jogo, acabou chegando tarde demais para poder dar o pontapé inicial, para o grande pesar da torcida parisiense.

Paris e o Parc, que sempre amaram os jogadores que vivenciam o futebol como uma arte, esta noite está de luto por este ícone eterno da bola. E para sempre a capital se arrependerá de não ter acolhido mais uma vez Diego Maradona, para lhe presentear com as Bolas de Ouro que a sua inesquecível carreira tanto mereceu...*

 

*Até uma reformulação feita em 1995, um jogador tinha que ser de um país europeu para se candidatar à prestigiosa distinção individual concedida pela France Football desde 1956.